Escrita e produzida por Lee Eisenberg, Sian Heder, Kumail Nanjiani e Emily V. Gordon, Little America é uma série antológica da Apple TV+ inspirada em histórias reais publicadas na Epic Magazine. Mas mais do que uma adaptação de relatos, ela é um lembrete poderoso de que, por trás de números e manchetes, existem pessoas. Com sonhos, medos, coragem e esperança.
Assisti Little America logo em seu lançamento, em 2020. Mas confesso: deixei essa resenha adormecida nos rascunhos por quase cinco anos. Talvez porque fosse difícil traduzir em palavras tudo o que a série despertou em mim. Ou talvez porque, com o tempo, ela tenha ganhado ainda mais camadas de significado.
Vivemos em uma época em que a palavra “imigrante” é frequentemente usada com frieza e até certo desprezo por parte de alguns, como se falássemos de números, não de vidas. É justamente por isso que Little America se torna tão necessária. Cada episódio apresenta uma nova história, baseada em pessoas reais com origens, desafios e conquistas únicas. São narrativas de superação, amor, pertencimento, perda e, sobretudo, humanidade.
“É a terra das oportunidades, mas não há muitas redes de segurança neste país para segurar você, se você não conseguir”, diz Sian Heder, diretora de “Coda”, vencedor do Oscar de melhor filme em 2022, e uma das idealizadoras desta série de TV.
Por muito tempo, os Estados Unidos foram vistos como um lugar onde todos poderiam prosperar, para isso bastava trabalhar duro. Muitos buscaram (e ainda buscam) o tão sonhado “American Dream”. Mas a verdade é que, para quem não se encaixa nos padrões pré-estabelecidos, há pouco amparo. E é aí que Little America brilha: ao humanizar essas jornadas invisíveis, ao mostrar que, por trás do esforço, existe uma busca constante por dignidade e pertencimento.
A série não grita. Ela sussurra. E, justamente por isso, toca tão fundo. Convida a olhar com mais empatia, a escutar com mais atenção, a lembrar que o outro talvez não seja tão diferente assim de nós.
Se você se apaixonou com Modern Love, se emocionou com Queer Eye, ou se inspirou assistindo Ted Lasso, então há grandes chances de se encantar pelas histórias de Little America. Porque ela fala de coisas que todos nós conhecemos, mesmo sem ter vivido as mesmas histórias: o desejo de ser aceito, de recomeçar, de pertencer.
Assistir à série hoje, depois de tudo o que o mundo tem enfrentado, me fez acreditar que ainda é possível enxergar beleza na luta e no ato de resistir para existir e, quem sabe, renovar a esperança em dias melhores.
📺Onde assistir: Apple TV+
Temporadas: 2
Número de episódios: 8
Duração: cerca de 30 minutos
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