Foto de Milada Vigerova na Unsplash |
A vida passa diante dos olhos como um filme em câmera lenta. Não há cores, muito menos sons. São apenas uma sequência de imagens que se repetem dificultando diferenciar uma da outra. Ao final uma luz se acende iluminando a pequena sala estéril adornada com as últimas tendências da moda, tudo é tão minimalista e elegante, cada detalhe ali foi friamente calculado por outras pessoas. Você olha ao redor e consegue reconhecer a identidade do designer, do artista, do arquiteto, menos a personalidade de quem deveria morar ali. O ambiente continua em silêncio, até que uma voz preenche o ambiente com uma simples pergunta: Qual é a sua história?
Você demora a entender que todos esperam uma resposta sua, e logo você que sempre tem uma resposta na ponta da língua fica sem palavras, uma vez que tudo o que você é escuta é: Quem é você? Mas que pergunta boba você pensa, é óbvio que todos sabem a sua história, sabem do que é capaz, sabem tudo o que você já conquistou e esperam pelo o que você ainda pode conquistar, mas talvez só talvez eles não saibam quem você é.
Você anseia tanto por algo que ainda não aconteceu, por algo que ainda ninguém tenha feito, por um momento que seja um divisor entre antes e depois de você, que não consegue reconhecer os pequenos milagres diante dos próprios olhos, assim como um vampiro que não enxerga o próprio reflexo diante do espelho. Não importa o que aconteça, parece que nada é suficiente para aplacar essa sua fome por querer sempre mais e mais. Você está sempre sedenta, porém, quando a noite cai e você se encontra longe dos olhos curiosos tudo o que você sente é o vazio que toma conta de tudo, e assim como a sua fome ele parece não ter fim.
Sabe eu não entendo como você que
sempre sabe a melhor maneira de se resolver um problema, que é conhecida por
ter o toque de Midas, não consegue ver o que está bem diante dos seus olhos
quando olha para o espelho. Surpresas
escondidas à vista de todos, assim é você, uma caixinha recheada de memórias,
cores, cheiros, sons e sensações, mas que por algum motivo está trancada a sete
chaves, longe dos olhos, longe do coração.
Não sei quem foi que te ensinou
que ser você mesma é tipo um erro da natureza, mas dá para ver que você não
quer passar o resto da vida vivendo uma sequência de fotos preto e branco sem
conseguir distinguir qual é a história por trás de cada uma delas. É aqui
diante da pergunta que te fez repensar em tudo e encarar a vazio que habita não
apenas o seu redor, você reconhece que a resposta para todas as perguntas que
você não ousa fazer em voz alta, sempre estiveram diante dos seus olhos. E pela
primeira vez em muito tempo você consegue encarar o próprio reflexo com
gentileza, e para sua surpresa reconhecer a beleza que sempre existiu em você e não tem medo de compartilha-la com mundo. E sem era uma vez, você cria coragem e conta sua história e deixa que todos saibam quem você é.
Este texto foi escrito a partir da proposta do Desafio Criativo para o mês de maio de 2023, cujo tema é Porco-espinho: Surpresas escondidas à vista de todos. O Desafio Criativo é organizado todos os anos pelo Projeto Escrita Criativa, que está desde 2015 reunindo na internet pessoas que amam escrever. Para saber mais e participar, acesse Projeto Escrita Criativa.
Muito legal a reflexão.
ResponderExcluirBoa semana!
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Até mais, Emerson Garcia