Quando me lembro da minha infância tenho poucas lembranças da família reunida. Meus pais sempre foram muito ocupados, se virando nos 30 entre uma viagem e outra. Cresci em meio a babás e mãe para mim era sinônimo de qualquer mulher que cuidasse de mim e me desse um pouquinho de atenção, logo todo mundo virou minha mãe, menos a minha. Já pai era só um, esse eu não me esquecia do rosto de jeito nenhum. Sempre que ele chegava de viagem me mimava trazendo presentes caros e exóticos fazendo eu me sentir única e especial, na minha cabeça era sinal que eu era muito amada.
O tempo passou e as coisas não mudaram muito lá em casa, agora não havia babás, mas meus pais ainda eram ausentes e comecei a pensar se meu nascimento não teria sido um erro, quem sabe um acidente entre um voo e outro, pensamentos de uma mente adolescente vazia...
Acostumada com ausências preenchidas por presentes vazios, onde a importância era traduzida através do valor pago, trouxe esse aprendizado pra vida. Me acostumei com amizades que não estavam ali quando eu precisava, mas que eram as melhores companhias para as baladas vip e para usufruir das cortesias que eu ganhava, como eu me achava popular. No amor não foi muito diferente para mim ser amada era ter ao meu lado alguém que me presenteasse sem motivos aparentes, que não tivesse vergonha de mostrar o quanto me valorizada através dos valores gastos comigo. Me acomodei a vida ao lado de alguém que me via apenas como um rosto bonito para se ter ao lado enquanto correspondesse ao valor pago.
Eu sabia que algo estava errado, mas não sabia o que. Apesar desse vazio que eu carregava no peito eu acreditava que era feliz por ostentar uma vida a ser invejada por outras garotas. Mas aí quando eu menos esperava tudo mudou. Sabe quando você se depara com alguém que não tem nada a ver com seu estilo de vida e que te faz pensar em todas as coisas que você nunca parou para pensar antes? Então conheci uma dessas. Na época eu não dei muito valor, mas com o passar do tempo percebi que ela me ensinou a valorizar, que a vida as vezes a gente tem que ceder e nem tudo se resume a apenas ganhar. Não foi fácil para mim aprender tudo aquilo que não me ensinaram e deixar para lá tudo que cresci achando que era certo. A vida tem dessas coisas, às vezes ela nos traz aquilo que nos faltava de uma maneira inusitada, faz a gente aprender na marra e dentre todas as lições que eu aprendi até aqui é que nessa vida nada compra a verdadeira companhia e ser amada sem medida, que o melhor presente é estar presente para aqueles que amamos e nos amam.
Caramba! Muito bom o seu texto. Sou mãe e infelizmente vivo a rotina corrida de trabalho e faculdade, mas graças a Deus acho que não falta atenção amor e atenção ao meu filho, as vezes a gente falha tentando acertar. Mas, o seu texto serviu pra mim refletir melhor a qualidade do tempo que passo com ele, afinal se não posso compensa-lo com a minha presença por muito tempo, que o pouco tenha o melhor de mim! Obrigada.
ResponderExcluirBeijão, www.desapegaadri.com