-Calma, calma, não aconteceu nada.Liguei só pra dizer que adoro a forma como os pingos de chuva pintam os ladrilhos quando a garoa começa.E logo depois ensopam tudo.Tá tarde, eu sei, mas .. mas se eu não ligasse, as engrenagens da minha cabeça iriam acordar os vizinhos, meu coração ia querer arrombar essa porta e ir para algum lugar que não fosse meu peito.Ultimamente ele tem sido um lugar espinhoso demais para se viver, admito.Tá ouvindo? É, estou escutando nosso blues : ’ eu nunca disse que iria ser a pessoa certa pra você, mas sou eu quem te adora’ …
Não, não vou desligar o som meu bem, lembrar de você é sempre esse misto de morrer, arranhar e ao mesmo tempo nascer de novo em uma nova esperança.Um novo ‘talvez’.Eu nem sei porque estou assim, com a respiração cortada, com essa angústia que vira furacão no peito.Acho que tenho o “mal do século”.Não meu bem, não. Não tenho tuberculose, apesar da boemia.É outra deficiência e chama-se coração mole.Os pesos do mundo, nos meus ombros, estão potencializados. Tudo chega a mim com a força de um tormento, uma nova raiva.Raiva do mundo e depois raiva de mim, por não me adaptar descentemente á ele.Sempre chorando pelos cantos, sempre com uma canção antiga nos lábios.Tem uma hora que nadar contra a correnteza sozinho perde a graça, sabe? Melhor: perde o sentido.É preciso dois deslocados para criar um refúgio.
Você tem um compromisso agora?!Mas .. não, não, tudo bem, não precisa vir aqui.Essas coisas agente não pede, o outro faz porque sim, atenção não se implora.Aliás : amor e atenção não se cobra, apenas acontece.Lembra quando agente comprou aquele vinho barato e foi esperar o sol nascer na orla? Você estava tão leve e não era só o efeito da bebida, seu espírito virou pássaro naquela madrugada.E eu fui o sortudo que estava lá para ver suas cores.Suas reais cores, sem as vendas das convenções.Fui sortudo ao ponto de ter seus lábios roçando nos meus de leve.Deus, eu estava tão feliz por estar ali.Por algumas horas Paris,Bangladesh, todos esses lugares pareceram tão cinzas, simplórios.Pela primeira vez, ali estava bom, ótimo.Contentamento.Essa era a palavra que descrevia meus olhos.
Só peço que não fique bravo.É que ando te chamando de ‘ninguém’ . É : ninguém.Por quê?! Ora querido, nomes carregam memórias demais consigo, eu prefiro te deixar impessoal.Assim, só meu coração sabe de quem eu estou falando.Desse jeito você ainda continua segredo e toda vez posso me surpreender com tua doçura denovo e denovo …
Parou para tomar fôlego.Olhou a tomada e viu que o cabo estava cortado.
Isabela Ribeiro.
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ResponderExcluirgente , que texto lindo *-*
ResponderExcluirTexto perfeito!!
ResponderExcluirXoxos da nina,
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