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Foto: José Martín Ramírez C

Algo em seu jeito de andar me chamou a atenção em meio a centenas de estranhos. Você era diferente de mim e de tantas outras pessoas que andavam apressadas, cada uma carregando consigo o peso de seus problemas. Você tinha um caminhar de quem sabe apreciar os detalhes pelo caminho. Não trazia em mãos nenhum celular e sim um livro gasto, fato raro hoje dia. Quando seu olhar distraído encontrou o meu fixo em você seus lábios se abriram em um sorriso, daqueles que a gente dá para um ente querido que há muito tempo não vê, e eu ao invés de retribuir me perdi em meio a multidão. Tolice, medo eu não sei...

Com o passar dos dias ainda que não fosse a minha intenção meus olhos sempre achavam o caminho até você. Para minha surpresa agora você trazia consigo um olhar atento, de quem procura algo ou alguém, e secretamente eu desejava que fosse eu. E toda vez que o pesamento me vinha a mente uma sensação estranha tomava conta do meu estômago. 

O que esperar de um flerte bobo em um fim de tarde enquanto você corre para não perder o metrô? Eu não esperava nada e acabei ganhando tudo quando meu caminho trombou com com o seu, literalmente, em uma fila de padaria do outro lado da cidade em um domingo pela manhã, meses depois do nosso “primeiro encontro”. Automaticamente começou a tocar na minha cabeça a música Último Romance, e me peguei pensando qual foi a última fez que me apaixonei. 

Nunca acreditei nessa história de para sempre, alma gêmea, escrito nas estrelas, um amor de outras vidas e coisa, e tal, mas alguma coisa mudou quando meu olhar cruzou com teu. E muda diariamente quando você sorri ao dizer vamos fazer o dia bom, ao invés de dizer bom dia com a maioria. Você pode sentir a vibração? A energia que emana toda vez que seu corpo encontra o meu? Será que com todo mundo é assim ou só com você e eu? 

Eu me pergunto se isto um dia irá tornar-se amor essa conexão que temos, e vendo de perto, eu sei que já é! E talvez, só talvez eu acredite que possa ser para sempre se você acreditar também...