Estou preocupada. É a segunda vez que eu não quis ir embora. De onde ele
tirou todo esse poder que tem sobre mim? Eu não sou de pedir pra ficar, não sou
de dormir abraçada e não sou de curtir o silêncio. Sei que disse com frieza
tantas vezes que não quero nenhum envolvimento profundo, mas a verdade é que eu
não posso me envolver. Tenho planos demais para concretizar.
Éramos duas pessoas com algo em comum: aplacar a solidão por uma noite. E
agora que essa noite se transformou em duas, igualmente intensas, o que fazer?
São seis da manhã e eu ainda não tenho sono. Ele ainda está na minha cabeça.
Nem sequer o conheço direito, de onde veio toda essa intimidade?
Penso em cortar o mal pela raiz, enquanto não passa de química. Existem
pessoas, além de mim, que poderiam ser magoadas se a história ganhar mais
força. E existe um mundo do qual eu não quero abrir mão por conta de história
alguma. Mas sempre que decido ligar e inventar uma desculpa pra não sair com
ele, me vem à cabeça algum “e se” irritante que me faz hesitar.
Acontece que me conheço: quando interrompo alguma história ela se torna
muito mais intensa e profunda, dentro de tudo o que poderia ser, na minha mente
fértil. Sempre fico imaginando as conotações que o romance poderia vir a ter e,
no fim, tudo fica engavetado no meu armário de “histórias mal resolvidas”.
Acho que o melhor a fazer é deixar fluir, sem pensar tanto. Talvez – e eu conto com isso -, ele me decepcione em
breve. É só ter paciência. E parar de racionalizar tudo. Tenho que aproveitar
as novidades que a química proporcionou ao meu coração, que eu podia jurar
estar congelado. Estou realmente assustada, mas não há solução melhor. E eu vou
ficando, abraçando e curtindo quantas vezes forem necessárias, até que tenha
fim.
Que lindo! Simplesmente me apaixonei pelo texto. Me fez lembrar de "50 Tons de Cinza"...
ResponderExcluirBeijos!