Emma


Emma Woodhouse, bonita, inteligente, rica e solteira, está perfeitamente feliz com sua vida e não vê necessidade de se apaixonar ou de se casar. Nada, no entanto, a agrada mais do que interferir na vida romântica dos outros. Mas quando ela ignora as advertências do sr. Knightley e tenta arranjar um marido para sua amiga e protegida Harriet Smith, seus planos ― tão cuidadosamente elaborados ― não saem como ela imaginava. Com ironia e delicadeza, Jane Austen explora em Emma as responsabilidades sociais delegadas às mulheres, a falta de controle sobre o próprio destino e, claro, a força do amor. 
A edição conta com tradução de Julia Romeu, prefácio de Sandra Guardini Vasconcelos e introdução de Ronald Blythe.
📖Skoob 👍Avaliação Final: ⭐⭐⭐⭐✩ 💳Onde Comprar: Amazon


Quando descobri que AsPatricinhas de Beverly Hills foi inspirado em Emma, de Jane Austen, senti que era o empurrãozinho que faltava para finalmente mergulhar nessa obra.

Ler Emma, para mim, foi como acompanhar um reality show daqueles que a gente não consegue desgrudar da tela, movido pela curiosidade de saber o que vai acontecer a seguir. Porém, ainda assim, não foi uma leitura rápida. Comecei o livro em 2020, mas acabei deixando-o de lado e só retomei a leitura em novembro deste ano, finalizando agora em dezembro. Foram praticamente 30 dias lendo alguns capítulos por dia. Em determinados momentos, a leitura se tornou um pouco arrastada, algo que acredito estar ligado ao período em que o livro foi escrito e às tendências literárias da época. São 624 páginas de um romance publicado em 1815, então é natural que a leitura se estenda um pouco, ainda que continue sendo agradável.


O que torna seus modos ainda mais valiosos. Quanto mais velha uma pessoa fica, Harriet, mais importante é que seus modos não sejam maus — mais evidentes e repulsivos ficam quaisquer traços espalhafatosos, rudes ou desajeitados. O que é tolerável na juventude se torna detestável na idade avançada.


A tradução feita pela Julia Romeu está de parabéns, ao meu ver. Pode parecer um detalhe bobo, mas a tradução faz toda a diferença para nossa conexão com a leitura, principalmente quando se trata de clássicos. Outro ponto que torna esta edição ainda mais especial é que ela traz informações extras que enriquecem a experiência, ajudando-nos a ficar mais imersos na história e a compreender melhor a trama criada por Austen.


Emma é um livro muito bem equilibrado: traz críticas sociais, humor, romance, conflitos e até uma pitadinha de mistério. O que mais surpreende e encanta é perceber como ele continua extremamente atual. Além disso, acompanhar a jornada de Emma Woodhouse é observar uma protagonista cheia de nuances: ao mesmo tempo em que é carismática e espirituosa, também é teimosa, mimada e frequentemente precipitada em seus julgamentos. E talvez seja exatamente isso que a torna tão memorável e crível. Ver seu amadurecimento acontecer aos poucos, de maneira natural, entre erros e acertos, em muitos momentos se assemelha à nossa própria jornada, na qual buscamos todos os dias a nossa melhor versão.


Se eu a amasse menos, talvez conseguisse falar mais no assunto. Mas você sabe como sou. Não ouve de mim nada além da verdade . Eu a culpei, ralhei , e você suportou tudo como nenhuma outra mulher na Inglaterra teria suportado. Suporte as verdades que eu lhe direi agora, minha adorada Emma, assim como suportou as outras. Minha maneira de dizê-las talvez as torne tão difíceis de ouvir quanto as outras foram. Deus sabe que não fui um bom pretendente. Mas você me compreende. Sim, eu vejo que compreende meus sentimentos — e que vai retribuí-los, se puder.


A forma como Jane Austen constrói seus diálogos é outro detalhe que merece destaque. Eles são afiados, irônicos e para olhos e ouvidos atentos revelam muito mais do que aparentam à primeira vista. Foi praticamente impossível não me pegar analisando cada troca de palavras, tentando identificar as intenções ocultas por trás delas.

No fim das contas, Emma não é apenas uma história sobre romance, mas sobre autoconhecimento, empatia e a descoberta de que, às vezes, nossos maiores equívocos nascem da convicção de estarmos sempre certos. Mesmo com alguns trechos mais lentos, a experiência de leitura valeu cada página, e entender a obra que inspirou um clássico dos anos 90 que marcou minha infância/adolescência deixou tudo ainda mais divertido.


0 Comentários

Postar um comentário

Olá! Sua opinião é muito importante para nós, fique à vontade para comentar. Obrigada pela visita e volte sempre!

@profanofeminino