A dinâmica da brincadeira era simples, bastava fazer um circulo de pessoas e girar uma garrafa. Para quem o fundo da garrafa ficasse virado fazia a seguinte pergunta: Verdade ou Consequência? E a pessoa que a garrafa ficava apontada tinha que escolher estre as duas, entre fazer algo ou responder uma pergunta. Simples assim.
Pensei comigo que isso seria divertido, não teria como dar errado. Inocência a minha esta brincadeira tinha tudo para dar errado, mas só me dei conta quando a garrafa apontou para mim. Naquele momento o riso que estava frouxo parou imediatamente e eu paralisei diante daquela pergunta. Meu cérebro começou a trabalhar em todas as possíveis perguntas que seriam feitas a mim se eu escolhesse verdade, e as possibilidades me assustaram um pouco. Aí cheguei a conclusão que a consequência seria o caminho mais fácil, afinal tudo que fazemos de uma maneira ou de outra nos leva a ela.
Ainda meio receosa aceitei meu desafio e o cumpri com louvor. Nada que uma boa dose de coragem não pudesse resolver. Depois de uma duas rodadas inventei uma desculpa e sai da brincadeira. Fiquei pensando na quantidade de verdades que eu ouvi durando aquela noite e me assustei ao constatar o resultado, eu não havia ouvido nenhuma. Fiquei pensando comigo mesmo quais eram os segredos obscuros que cada um guardava para si e que tinham tanto medo de vir a tona, quais eram essas as verdades que todos nós tínhamos medo de dize-las em voz alta. Será que a consequência de compartilha-las seria maior e mais cruel do que aquela que era nos impostas pelos amigos na brincadeira?
Então finalmente entendi, parei de tentar buscar o motivo dos outros e comecei a pensar no porque eu me esquivei de responder uma pergunta até então inofensiva. Me dei conta que o que me assustava não era em si o que seria me perguntado, mas sim a minha resposta. Porque enquanto aquela informação estivesse a salva comigo eu poderia fazer o que eu quisesse com ela, inclusive fingir que ela não existia. Mas uma vez que eu as disse-se em foz alta a todos da sala eu admitiria que aquilo era real e não haveria mais como negar ou fugir dos fatos. E a consequência não seria a inventado por alguém a quem eu poderia atribuir a culpa, mas eu seria a única responsável por ela e eu não estava preparada para lidar com ela. Foi assim eu meio a uma brincadeira infantil que descobrir porque os adultos temem tanto a verdade...
Adorei o texto. Simplemente sincero e verdadeiro. Ah eu já brinquei disso também e por muitas vezes.
ResponderExcluirmega beijo
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