Pássaros engaiolados não são gratos (Isso não é uma carta de amor)


Martim,

Não irei desculpar-me por dizer seu nome assim, de cara, não te concedo a benção do anonimato. Além do mais que cartas iniciam-se assim e seu nome é bonito, gostoso de falar ; diz muito de você, da sua tranquilidade.Gostaria de ser menos exigente, enviar-lhe algo que perguntasse como anda sua vida, ao invés de disparar esse jorro de desabafos.Mas eu perderia o controle na primeira vírgula, diria tantas barbaridades, essas mágoas que a gente não diz quando sóbrio, ao saber que você anda melhor sem mim,que continua bronzeado.
Eu sei que ainda não se mudou daquele cubículo abarrotado de livros, Cd’s e fotos de desconhecidos.Você chamava-o,pretensiosamente, de ‘o paraíso’ e eu até imaginava o porquê. Então, encare estas cartas como um último esforço meu, apenas meu, de terminar nossa história dignamente.Ou nem tanto.Você saberá que sou quem lhe escreve pela ‘caligrafia de canhoto’ e o jeito abusado de organizar as palavras.
Martim, eu ensinei você a ir embora.Me diz, que mulher em sã consciência apresenta os atalhos para seu amante desembaraçar-se do seu laço?! Eu o fiz, Martim. Eu só não queria parecer estúpida e desesperada, como acontece em todo fim de festa. Eu apostava no livre arbítrio.E  que você soubesse usar o seu ao meu favor.Mas ninguém manda na vontade alheia, nem mesmo eu, que desejo possuir estrelas.
 Você sim era livre Martim, eu era uma aprendiz que tinha um conceito totalmente obtuso de liberdade. Daqueles bem extremos, infantis que vão excluindo todo afeto, matando qualquer raiz e precisa ser gritado aos quatro cantos.
Liberdade verdadeira é aquela que não precisa ser contada, relatada á terceiros. E supondo que você nunca se emanciparia de mim, ensinei-lhe todos os truques e artifícios que conhecia. Desmascarei o mundo por você, na tentativa de confirmar que só eu poderia lhe fazer bem, que a vida lá fora era amarga demais ; ‘ser teu pão, tua comida’ como diria Cazuza.Errei a mão, assumi um papel de mãe, quando você esperava por uma amante, companheira.

Você cansou de eu ficar despindo o mundo pra você, era sua vez de descobrir. Então, pegaste sua gaita, a jaqueta jeans surrada e partiste para sua navegação, e eu sabia : não havia lugar para mim nessa viajem.Agora vejo claramente Martim, eu necessitava mais da sua despreocupação, do que você dos meus conselhos de velhaca. Eu sempre quis estar um passo a frente, pra ter alguma novidade para lhe contar.Tolice Martim, o combinado era que descobríssemos as belezas e arranhões dessa vida juntos.E eu precipitei-me.

Sempre fui apaixonada por coisas livres, a forma com elas transitam entre o aceitável e o absurdo.Você sempre fazia o que queria e mesmo assim aflorava o que de melhor havia nos outros.Comigo foi assim.E sendo apaixonada por você (e por coisas livres), eu queria engaiolar pássaros, criar borboletas, educar estrelas.Tolice, Martim, tolice.Amor só é bonito quando não é monitorado, quando tem espaço para crescer.

P.s : Eu, sem querer, ainda desorganizo os cadernos do jornal de Domingo.

Isabela Ribeiro.

Meninas, eu queria deixar um beijo enorme para vocês que tão gentilmente vêm aqui, leêm os textos que escrevo.Sei que eles andaram bem pequininhos, mas estou 'desengavetando' algumas coisas e conto com a paciência de vocês nessa nova fase. Muito obrigada mesmo,viu?! Sintam-se abraçadas (os).

5 Comentários

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  1. Fofa amei o post! Seu blog é muito perfect continue assim, bjs www.blog-sweetteen.blogspot.com

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  2. Ameei demais!!seguindo..

    opedecoelho.blogspot.com

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  3. Nossa, seu texto é diferente mas eu gostei ao mesmo tempo, sério, arrasou!

    Kiss! :3
    http://www.deliriosdegarota.com/

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  4. nossa muito legal esse texto, diferente
    trendluxo.com.br

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  5. Vale a pena perder um tempinho para ler suas palavras. Recomendo!

    Estou lhe seguindo aqui, espero que você possa retribuir.

    Muito obrigada,
    Cla, do
    nemsemprerealidade.blogspot.com

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