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Hoje estou incosolável, incurável, quero colo, quero abraço apertado,frio e um silêncio de entendimento.Ando distribuindo sorrisos amarelos, forçados, para entreter minha solidão.Mas estes já estão tão conhecidos por todos que se tornaram  desgastados,batidos, como algumas máscaras de carnaval : Pierrot, Arlequim e Colombina; Ah! Meu querido e tolo Pierrot, quem sabe você, com o seu eterno coração partido, poderia entender-me.Mas hoje eu não vesti nenhum personagem, estou cruamente eu, e acho que nunca interpretei um papel tão bem.Apesar disso, este é o personagem que mais desagrada meu público, ele tem o poder de insatisfazer.E justamente quando preciso do meu palco cheio, ele se encontra frustantemente vazio.

A poeira de tantos fingimentos e incompreensões agora está toda sob a minha estante e eu estou tentando, bravamente, limpá-la, tirar tudo isso de minhas vistas, porém é um esforço inutíl.Os resquícios se impregnaram em mim, na minha pele; e toda vez que eu encaro o espelho tudo está lá, ridiculamente lá, para me lembrar das promessas que fiz e ainda não cumprí.Nada anda bastando, as verdades consideradas absolutas, para mim viraram créditos ao final de um filme : estão em todo lugar e não fazem falta alguma se forem retirados, pelo menos, não para os espectadores.É uma revolta silenciosa, interna que quer explodir em palavras, tornar-se real.

E se me perguntarem : Garota o que há de se fazer, então, por você?Responderei :

- Eu não sei, eu, inocentemente, não sei.