Para jogar: Série Delicious

O celular da moda estilhaçado pelo último acesso de raiva. As tatuagens sem significado ignorando a queloide. Não faz esforço, não faz trabalhos, não faz amigos. Não reais. Diz que vai colocar silicone, diz que vai ganhar um carro do papai, diz que bebeu todas. Nunca lembra que não tem nem 18.

Sei que não devia me incomodar. Acho que, no íntimo, ainda me importo porque imagino o dia em que vai se dar conta de que nada disso é de verdade. Eu não sou a primeira pessoa a notar quantos rostinhos bonitos por aí têm donas fúteis. Nada contra o brilho. Sério. O que dói é a falta de essência. O valor excessivo que se dá ao status. A perfeição calculada que agride os olhos, de tão plástica.

Ao invés de esperar a lista dos aprovados em Medicina pra procurar um namorado, por que não cresce um pouco? Por que não faz amigos, primeiro? Por que não vai se descobrir, antes de se disfarçar? Paz de espírito não tem preço. Eu observo porque sei que poderia ter sido igual se não tivesse acordado a tempo, se não tivesse percebido o quão vazia seria, se não tivesse aprendido a ser real.

Estive pensando – coisa que, só pra constar, é bom fazer de vez em quando – e descobri que não interessa quanta maquiagem seja usada, quantas roupas sejam compradas, a It Girl da semana, nem o quanto se gasta com o cabelo. Já se perguntou do que você é feita? Desejo sinceramente que não seja de acessórios. De nada serve a moldura, se o quadro está vazio. Sempre existem outras opções na vida. A vida, aliás, é feita de opções. Agora, claro, é necessário escolher. E viver.

Com verdade, por favor.

“Melhor ser odiado do que amado pelo que você não é.”

Marina & The Diamonds