Jeanne perdeu o grande amor de sua vida. Aos 74 anos, precisa encarar uma viuvez dolorida. De repente, viu-se sozinha no apartamento com quem compartilhou décadas de um casamento feliz, só ela e Pierre.Em suas visitas diárias ao túmulo do marido, ela compartilha sua solidão e seus medos, inclusive o de não conseguir pagar todas as contas sem o salário dele. Para resolver o problema, ela toma uma decisão impulsiva: alugar um dos quartos do apartamento. Mal sai pelo bairro distribuindo folhetos de divulgação e já consegue dois candidatos:
Théo, aprendiz de confeiteiro da padaria ali perto, e Iris, uma jovem cuidadora de idosos e doentes. Théo está ansioso por ter um lugar decente para morar. O carro dentro do qual vivia foi rebocado com todos os seus pertences, e o custo de recuperá-lo é mais alto do que ele pode bancar. Alugar um quarto próximo ao trabalho é a opção perfeita. Iris também está desesperada. Sem aviso prévio, o locatário do apartamento em que morava pediu o imóvel de volta, e ela tem poucos dias para achar um novo teto. Pior: precisa ser o mais discreta possível, para que uma pessoa do seu passado não a encontre.
Jeanne segue sua intuição, desocupa o terceiro quarto do apartamento e recebe Théo e Iris para morarem com ela. A princípio indiferentes uns aos outros, a convivência vai despertando sentimentos inesperados, e assim a solidão dos três pouco a pouco transforma completamente a vida de cada um.
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Lançado em 2024 pela editora Gutenberg, O que resta de nós, da escritora francesa Virginie Grimaldi, foi uma feliz surpresa. Quando me deparei com este livro, praticamente um ano após seu lançamento, não sabia absolutamente nada sobre ele, nem sequer havia visto alguma indicação. Ainda assim, alguns elementos chamaram minha atenção à primeira vista: o título, o cachorrinho na ilustração da capa e, posteriormente, a sinopse.
E finalmente, finalmente muito talento nos foi preciso para sermos velhos sem sermos adultos.
Não entrarei em muitos detalhes sobre a trama, pois acredito que a sinopse já nos oferece informações suficientes sobre o que esperar e, mais do que isso, creio que aprofundar demais pode atrapalhar a experiência de leitura. Mas este é aquele tipo de livro que, enquanto avançamos pelas páginas, desperta em nós a vontade de conversar sobre ele, de criar paralelos com nossas próprias vivências. Talvez seja, inclusive, uma ótima oportunidade para convidar uma amiga para ler junto.
O amor deles não conhecera grandes euforias, mas fora uma sucessão de pequenos momentos de felicidade.
Porém, ainda que eu não entre em detalhes, gostaria de comentar de forma geral sobre a obra. Ela fala sobre a vida sob a perspectiva de pessoas que perderam algo e que, de diferentes maneiras, buscam um modo de continuar vivendo. Mostra como a conexão humana é poderosa e capaz de transformar o rumo das nossas vidas, especialmente quando conseguimos abaixar nossas barreiras e compartilhar nossas vulnerabilidades e aborda de forma sensível temas como: luto, abandono parental e relacionamento abusivo.
O que resta de nós intercala o ponto de vista de três protagonistas e aborda temas sensíveis e cotidianos com delicadeza e acolhimento, convidando-nos a refletir sobre o envelhecer, a construção de um lar, a realização dos nossos maiores sonhos e o desejo profundo de não se sentir só.
Não sei dizer por quê fiquei, mas sei dizer porque fui embora.
Durante a leitura, em alguns momentos O que resta de nós me lembrou Os Cem Anos de Lenni e Margot (que ainda não resenhei aqui, mas super indico). Não pela história em si, mas pelas reflexões que traz e pela forma como mostra que amizades improváveis e diferenças geracionais podem ser enriquecedoras e nos oferecer novas perspectivas sobre o que realmente importa.

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