Viver: uma arte que se reinventa!

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 Por muitas vezes corri à janela para procurar aquele doce brilho de amanhecer e existir. Corria os olhos e ao meu redor havia somente árvores, cercas, carros e pessoas. Voltava para a cama ainda mais curiosa. Pois queria enxergar a beleza que o mundo falava ser a vida. 

Meu quartinho escuro era então meu refúgio. Abrigo contra a felicidade alheia que, por não ter em mim, me vinha de encontro e estilhaçava a alma que eu ainda mantinha viva dentro aqui dentro. Me sentia em guerra contra o mundo e contra mim mesma. 
Um dia porém, olhando pelas grades da janela, que há muito deixara de abrir, vi uma menina, bem pequena. Aparentava uns dez anos de idade. Ela me chamou a atenção porque ria sozinha brincando com umas folhas caídas das árvores. Umas verdes, outras já secas, algumas ainda nos galhos. Estranhei a forma boba como aquela menina ria. Como podia achar graça nas folhas de uma simples árvore!? Voltei a deitar e me adormeci ao som de suas gargalhadas. 

No próximo dia, veio um menino, brincou um pouco com as folhas e sorriu, tanto quanto a menina, mas se encantou mesmo foi com a cerca. Era de arame aquele com pequenos nós. Quando pequena me ensinaram que era arame farpado. Que graça haveria naqueles nós!? Não sei. Mas o menino ficou um bom tempo por lá. Comecei a pensar que minha loucura se tornara real. Não havia mais jeito para mim...

Foi então, que percebi que o menino e a menina eram irmãos e moravam na casa ao lado da minha. Estava há algum tempo sem alugar. As pessoas sentiam medo de mim porque eu nunca aparecia, mas com aquelas crianças estava sendo diferente. Porque vinham brincar justo em frente à minha casa?

Dia sim, dia não eles sempre me intrigavam com alguma questão. Acho que comecei achar normal tanta loucura, pois me peguei rindo da menina que se estabacara no chão....  Ora! Cadê a graça? 

Pois eles ouviram meu riso e correram à minha porta. Com cuidado abri. Sei lá o que queriam... "-Vamos brincar?" Me chamaram e saíram me puxando pelas mãos. Quando vi já estava lá, perto da cerca e das árvores e das pessoas e dos carros. De alguma forma o ar estava mais leve. Senti algo gelado no rosto e em seguida um arrepio fino. Uma sensação boa. Dei àquilo o nome de liberdade. E como uma folha que se enrosca no vendo me pus a rodar de braços abertos para o mundo alcançar. Mas, num descuido me estabaquei no chão. Todos riam e para minha surpresa eu também. Então olhei para minha mãe, que estava na porta de casa e vi sorriso e lágrimas em seus olhos. 

Depois daquele olhar de minha mãe, não pude enxergar mais nada a vida me levou para si. Mas naquele dia descobri o que era a tal alegria que eu buscava para aceitar estar no mundo. 

Boa reflexão!

4 Comentários

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  1. Que texto delicioso de ler!
    Ainda estou digerindo na verdade... algumas fichas caindo ainda! rsrs
    Parabéns! Achei ótimo o texto...

    Bjinhos
    JuJu
    As Besteiras Que Me Contam

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    Respostas
    1. Olá Juliana!
      Grata pela leitura! Feliz que tenhas gostado! =)

      Bjus!

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  2. Que lindo texto!
    Me remeteu a uma fase em que eu parecia muito com a protagonista do conto... realmente para vivermos temos que nos reinventar, olhar coisas novas, pessoas com outro ângulo.
    Vai pro melhores da semana, certeza :)

    Beijos

    Meu Meio Devaneio

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