Uma rua no Brooklyn



Crises familiares, fofocas da alta sociedade e uma boa dose de humor compõem Uma rua no Brooklyn, um romance delicioso e indispensável para todos que já se perguntaram como vive o 1% mais rico da população. Morar na Pineapple Street, no Brooklyn, é um sonho para muitos residentes de Nova York, mas uma realidade apenas para poucos — como é o caso da glamorosa e bem relacionada família Stockton.

Darley, a filha mais velha, nunca precisou se preocupar com dinheiro. Ela seguiu seu coração, trocando o emprego e a herança pela maternidade — mas acabou sacrificando mais de si mesma do que pretendia. Cord, o único filho homem, acaba de se casar com Sasha, que encontra entre os Stockton uma realidade totalmente diferente daquela vivida por sua família de classe média. Ela se sente excluída em meio a tantas tradições impenetráveis e é vista como interesseira. Georgiana, a mais nova dos Stockton, se apaixona por quem não poderia (e nem deveria) e é forçada a se perguntar que tipo de pessoa quer ser.

Espirituoso, divertido e cheio de personagens cativantes — embora falhos —, Uma rua no Brooklyn é um romance escapista sobre dinâmicas familiares complexas, o cotidiano fascinante dos super-ricos e a insanidade do primeiro amor, e faz uma das perguntas mais antigas do mundo: será que dinheiro traz mesmo felicidade?

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Seria cômico se não fosse trágico, pensar que todas as excentricidades relacionadas a dinheiro narradas por Jenny Jackson em algum grau são verdades difíceis de se engolir. Uma rua no Brooklyn não é apenas um livro que aborda a vida deslumbrante das pessoas que fazem parte do 1% mais rico do planeta. Ele vai um pouco além disso. 

Através da família Stockton a autora nos convida e mergulhar no íntimo de uma família que tem sua base construída no dinheiro, e como isso pode ser uma benção e uma maldição dependendo da perspectiva de quem observa. A família Stockton é uma ótima escolha para representar a elite branca que representa boa parte do seleto grupo do 1% mais rico do planeta. Relacionamentos disfuncionais, Old Money e muitos preconceitos velados e outros nem tanto. 


Sentia-se solitária e patética, mas sabia que por toda a cidade havia outras mulheres como ela, que tinham passado a noite de sábado esperando que algo acontecesse enquanto tomavam um drinque, liam em um café ou ficavam à toa no celular, matando o tempo sozinhas até que sua vida de verdade enfim começasse.


Narrado em terceira pessoa a história se intercala sob a ótica de três pontos de vistas distintos: Darley, Sasha e Georgiana. Através desses olhares somos convidados a refletir não apenas sobre como é viver dentro de uma bolha de privilégio branco, mas também como existem todo um mundo ao redor que é diretamente impactado pelas escolhas muitas vezes egocêntricas e fúteis vindas desse 1%.


“O que mais quero de você? Quero que me coloque em primeiro lugar. Quero ser a pessoa mais importante na sua vida. Quero que me diga que, não importa o que aconteça, você sempre estará do meu lado. Que se tivesse que escolher entre mim e sua família, escolheria a mim.”


A adição de Sasha a família e os capítulos dedicados a ela, trazem um contraste entre as realidades de quem nasceu herdeiro e de quem tem que trabalhar todos os dias para ter uma vida no mínimo confortável. A jovem é vista como interesseira, como se o único motivo para se amar alguém rico fosse pelo seu dinheiro e contatos. 


A ideia de que Poppy e Hatcher fossem muito diferentes de todas as outras crianças que aquelas mulheres viam, ou de que fossem “exóticas”, como lichias importadas dos trópicos, a deixava furiosa. Para Darley, era um lembrete doloroso de quão branco seu mundo sempre havia sido.


Darley foi uma das minhas personagens preferidas, ainda que um tanto falha. Ela traz de certa forma um equilíbrio entre Sasha e Georgiana. Casada com Malcolm, um homem filho de imigrantes sul-coreanos, ela abriu mão da sua herança por amor. Aos poucos ela começa a furar a bolha em que vive e se dá conta de como é a vida das pessoas racializadas, mesmo aquelas que possuem algum dinheiro ou influência, como seus filhos birraciais são vistos como “exóticos” e qual a verdadeira função do dinheiro, por exemplo.


Então Darley escolheu a segunda opção. Ficou de fora da herança e apostou todas as suas fichas no amor.


Já Georgiana é uma herdeira mimada com complexo de salvador branco de 26 anos, que é vista pela família com uma criança que ainda não sabe direito o que está fazendo da vida e está tudo bem, afinal ela é tão jovem.  De todos os personagens ela é a que mais tira a gente do sério. 


“É claro que eu te conheço. Você é uma menina mimada que vive do dinheiro da família que enriqueceu no ramo imobiliário e só tem uma leve noção de que existe todo um mundo além do um por cento mais mimado.”


Não me aprofundei na história, porque acredito que se o fizesse iria entregar plots que são o que deixam a narrativa mais interessante e fazem com que a gente queira avançar na história. Ainda assim posso adiantar algumas coisas.  Se você veio pelas fofocas da alta sociedade, sinto lhe informar que aqui elas estão um tanto escassas, assim como o apelo cômico, mesmo tento cenas divertidas. Mas se você curte um bom drama familiar e histórias que de alguma forma te fazem pensar, esta é uma ótima escolha!


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