Inocência Perdida - Capitulo 3

Capitulo III




 A foto em sim era gloriosa.No horizonte os raios do por do sol tingiam o céu de cores vibrantes, como um quadro cuidadosamente tingido em vermelho, rosa e laranja.A superfície do lago cintilava conforme a água tremulava, assemelhando-se a um mar de purpurina.Na beira, uma garotinha olhava o horizonte, tão absorta em seus pensamentos e concentrada na paisagem que não percebeu estar sendo fotografada.O sol dava a seu cabelo reflexos dourados e alguns tons de vermelhos vibrantes.
    Um calafrio percorreu meu corpo , eriçando os pêlos de meu braço.Não havia nada de errado com a foto , a não ser por aquele ser o meu lugar secreto e aquela pequena garota ser eu em minha infância.Como aquilo era possível? Era o nosso refúgio, meu e de meu avô.Ele disse que era nosso segredo e na verdade , até aquele momento, assim eu pensava ser.Nosso mundo dourado não era tão nosso quanto pensávamos.
    Lembro que no dia, meu pai e eu havíamos brigado por um motivo tão bobo que eu nem consigo me lembrar qual era.Mas como tudo fica maior quando se é criança, aquela discussão me deixou realmente chateada.Meu herói de cabelos brancos percebendo aquilo, disse que tinha um presente diferente para sua princesa.Aquilo me animou, ele pediu que eu colocasse sapatos mais confortáveis, pois teríamos que andar um pouco, obedeci e saímos escondidos.Passamos pela plantação de algodão de meu avô , que por sinal era bem grande, e entramos em uma trilha estreita, ladeada por árvores nos dois lados.Depois de andarmos aproximadamente 20 minutos, eu me deparei com um dos lugares mais graciosos que poderia ter conhecido, justamente a imagem que estava no monóculo.Fiquei sem fala por alguns instantes, os olhos brilhantes diante da energia dourada do lugar, vovô Peter deu uma daquelas suas gargalhadas que são capazes de iluminar qualquer ambiente , diante de minha reação.E desde os meus 7 anos, esse é o nosso segredo, prometemos não revelar a ninguém a existência daquele lugar.E tenho certeza que vovô não falaria nada.
     E também, não havia como a foto ter sido tirada, uma vez que saímos tão apressados da casa dos meu avós, para não sermos vistos, que seria impossível meu avô ter pego sua antiga câmera.Então, a solução é simples e assustadora ...
    Quase tive um ataque cardíaco quando meu celular começa a tocar, mais especificamente a música Like a Virgin da Madonna.Corri até o criado mudo e atendi :
    -Ágatha! Você precisa vir aqui , está rolando o maior som.Puro rock n'roll.
    -Ana você está em um alerta de terremoto?Porque o barulho realmente se parece com um - disse eu.
    -Ãhn? Ágatha , eu estou no galpão Viva La Vida, venha para cá, o TJ vai se apresentar daqui a 15 minutos.Não se atrase, eu tenho uma surpresa pra você.Ah! E tire esse All Star e coloque uma roupa decente.
    -Mas , Ana ...
    Ela ja havia desligado.Ótimo.Agora tenho de ir para um galpão que tem o nome de um caberé porto-riquenho.Epa! Tem um problema, Gabe irá ficar sozinho, nossos pais chegarão só amanhã pelo almoço, e ele não pode ficar sozinho.Mas pensando de forma simplificada : eu não irei ficar muito tempo por lá, afinal seria um atentado contra a minha audição, só irei dar uma checada em Ana e dar uma relaxada, logo estarei em casa.Gabe é independente, sabe se virar e além do mais, quando eu voltar ele ainda estará dormindo, assim espero.
    Então, tirei o pijama, coloquei uma roupa mais condizente com a ocasião : calça skinny, uma blusa preta frente única e uma bota de saltos altos.Passei um deliniador fraco e um batom cor cereja.Na ponta dos pés, fui até o quarto de Gabe antes de sair ,só para verificar.As paredes de seu quarto abrigavam figuras luminosas provindas de seu abajur e ele estava em um sono tranquilo.
    Entrei em meu carro, dei a partida e segui para o galpão.Deus, havia me esquecido que essa casa de shows improvisada era longe, ficava do outro lado da cidade.Chegando lá, estacionei meu carro e quando ia entrar no lugar, dois homens-armários me impediram.Um deles disse:
    -Doçura, cadê o seu ingresso?
    -Mas ... Na verdade, uma amiga minha está ai dentro e ela me convidou.
    -Certo, e eu sou o primo bonito e não famoso do Brad Pitt.Sem ingresso, não entra.
    Sorte que Ana estava pulando, ao som da música ,perto da entrada e me viu.Então ela sorriu e veio em nossa direção.Pousou a mão no ombro de um dos seguranças e disse:
     -Hey,Billi sem problemas, eu quem chamei Ágatha.Ela pode entrar.
    O segurança enorme, agora reduzido a massa de modelar nas mãos habilidosas de Ana, ficou constrangido por um momento, e disse:
    -Claro Ana , foi um erro da nossa parte.
    Ela piscou pra ele e me arrastou para dentro.O ambiente era no mínimo sinistro, pensei estar em uma festa gótica ao invés de uma apresentação de rock.No bar, a luz bruxuleante dava às figuras que se encontravam por ali um aspecto sombrio.Mas até que gostei.O lugar estava abafado, devido a quantidade de pessoas que ali se encontravam.O cheiro almiscarado de suor se misturava com o gelo seco que saía do palco.
    Ana nos levou até o bar, e cutucou indiscretamente um rapaz que estava sentado e disse:
    -Derek, essa aqui é a Ágatha, a garota de quem eu estava falando há pouco -disse ela em tom empolgado.
    Sem querer parecer chata, mas o garoto era o T.J só que um pouco mais alto.A mesma cara de sono e ,claro, o rosto e cabelo oleosos.
    Olhei surpresa, será mesmo que Ana estava pensando que haveria um romance entre eu e o T.J Júnior? Não poderia ser possível.Então me virei pra ele, com o meu sorriso mais condescente possível e disse:
    -Olá irmão, que Deus esteja em sua vida e em seu coração, guie seus passos no caminho da salvação.
    Essa sempre era infalível, o papo de religião extremada assustava o garoto de primeira.Acho que eles devem pensar: ' Nossa, ela vai me fazer orar aqui mesmo e ainda eu corro o risco de não beijá-la, talvez sua religião não permita'.Era um desestimulador de paquera-indesejada, muito bom, na minha opinião.E com Derek não foi diferente, ele apenas deu um sorriso amarelo e disse:
     -Acho que preciso ir ao banheiro.
    Ana virou seus grandes olhos castanhos para mim, eu conhecia aquela olhar, queria dizer: 'Não acredito que você fez de novo e ainda usou a história de religião.'
    Eu apenas ri.Até que T.J se aproximou,me cumprimentou com um gesto de cabeça,e pediu a Ana o seu "beijo de boa sorte", como ele mesmo disse.E ela deu.Olhar seria mal-educado e estranho.Então me voltei para o outro extremo do galpão e nesse mesmo momento um dos refletores seguiu meu olhar, e parou por instantes em um ponto.A meia-luz do resto do lugar dava destaque  àqueles olhos,que olhando diretamente para mim, fez com que o ar se recusasse a entrar em meus pulmões por alguns segundos.
     Os olhos eram tão límpidos e azuis, que ,se eu continuasse encarando por mais tempo, seria tragada por eles.Eles mostravam tando desejo contido, porém este estava intermediado por uma admiração singular.Mas a magia se quebrou quando um grupo de roqueiros passou por mim, tumultuando meu olhar fixo e quando eles voltaram ao seu foco,meu objeto de contemplação havia sumido.

Continua....

Leia os capítulos anteriores:  Capítulo I - Capítulo II
Não percam o próximo capitulo.

4 Comentários

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  4. obrigada pela parceria seu banner já esta no meu blog
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